01
ETIQUETA
essay related to banco and toalha




    (PT)
    
    Jonh Berger compara duas formas de comer para compreender a natureza do ato de consumo. Assume que o mesmo responde a uma necessidade tanto económica como cultural. Berger delineia dois modos de aquisição, de posse e de consumo do ato de comer. Distingue perspetivas de valor ligadas à refeição entre duas classes económicas contrastantes, a burguesia e a classe operária.
    Ensaístas como Enzensberg, também nos anos 70, especularam uma futura hegemonia cultural reinada por uma pequena burguesia, uma classe média universal resultante da ascensão da classe operária. O critico Afonso Berardinelli confirma e critica a expansão desta classe na Electra 20. Estes pensantes associam esta classe ao fim do mundo, ao cessar da arte, da poesia e do belo, não me aproprio deste pensamento. Referencio-os pela identificação e caracterização desta nova classe, que se transforma de duas em uma.
    Se a etiqueta é, por definição, os costumes e normas de comer à mesa, faz também parte de um tipo de etiqueta, escrever ou rascunhar a conta da refeição servida na beira da toalha de papel, ou arrotar no final da refeição. Sorver ou não sorver, deixar ou não comida no prato. Dependendo do hemisfério, do país ou mesmo da casa onde estamos, diferentes hábitos e regras são estabelecidas à volta da refeição. As diferentes etiquetas têm impacto tambem nos objetos e ferramentas utilizadas para o acompanhamento da comida.
    Somos constantemente confrontados com um conjunto de novas etiquetas quando convidados para partilhar uma refeição fora do nosso ambiente familiar. Mais longe ou mais perto, existem inevitavelmente rituais diferentes. Esta deslocação é desconfortável e interessante, que depende da nossa interpretação da situação. Por vezes convidativa por outras o oposto, o que depende sempre do comunicador e não do ritual a ser comunicado.
    Parte das consequências desta hegemonia é o intensificar desta incerteza de costumes de uma casa desconhecida. As familiar vão se apropriando do que lhes faz mais sentido, deixam cair algumas etiquetas para serem substituídas por outras mais ou menos burguesas ou mais ou menos operárias.


Primeiras conclusões
    Admitindo que a especulação de Enzenberg se torna verdade tanto o leitor como o autor são também vítima desse destino. É porem claro que ainda caminhamos para a seleção absoluta (se for possível) de hábitos e culturas predominantes.
    Decidiu-se recolher etiquetas e coisas que se dizem nas mesas do meu viver. Esta recolha não representa a minha especulação de regras que vão prevalecer. São as honestas regras pelas quais as mesas em que cresci e vivo se governam por. Faz-se um registo dos hábitos de grupos de pessoas que, segundo a minha perceção, pertencem ao momento de transformação desta pequena burguesia: os meus amigos e familiares.







   (ENG)
         
    John Berger compares two ways of eating to understand the nature of the act of consumption. He assumes that consumption responds to both economic and cultural needs. Berger outlines two modes of acquiring and consuming the act of eating. He distinguishes perspectives of value related to meals between two contrasting economic classes, the bourgeoisie and the working class.
   Essayists like Enzensberg, also in the 1970s, speculated on a future cultural hegemony ruled by a small bourgeoisie, a universal middle class resulting from the rise of the working class. Critic Afonso Berardinelli confirms and criticizes the expansion of this class in Electra 20. These thinkers associate this class with the end of the world, the cessation of art, poetry, and beauty. I do not endorse this thought but
reference it for the identification and characterization of this new class, which transforms from two into one.
   If etiquette is, by definition, the customs and norms of eating at the table, it also involves a kind of etiquette, such as writing or scribbling the bill for the meal served on the edge of a paper towel or burping at the end of the meal. To slurp or not to slurp, to leave food on the plate or not. Depending on the hemisphere, the country, or
even the house we are in, different habits and rules are established around meals. Different etiquettes also impact the objects and tools used to accompany food.  
    We are constantly confronted with a set of new etiquettes when invited to share a meal outside our familiar environment. Farther or closer, there are inevitably different rituals. This displacement is uncomfortable and interesting, depending on our interpretation of the situation. Sometimes inviting, other times the opposite, which always depends on the communicator and not the ritual being communicated.
    Part of the consequences of this hegemony is the intensification of this uncertainty about customs in an unknown house. The familiar gradually appropriates what makes more sense to them, dropping some etiquettes to be replaced by more or less bourgeois or more or less working-class ones.


First conclusions
    Assuming that Enzensberg's speculation becomes true, both the reader and the author are also victims of this fate. However, it is clear that we are still moving towards the absolute selection (if possible) of predominant habits and cultures.
   It was decided that etiquettes would be collected and things said at the tables of my life. This collection does not represent my speculation on prevailing rules. These are the honest rules by which the tables I grew up and live at govern themselves. A record is made of the habits of groups of people who, according to my perception, belong to the moment of transformation of this small bourgeoisie: my friends, and family.

PORTFOLIO


banco
bench

Product, Research
2023

sabão 
soap

Product, Research
2023

praça-da-fruta
market


Spatial
2023

toalha
towel

Mural, Research
2023

pão
bread

Product, Research
2022

chávena
mug

Product
2021






project related ESSAYS and other thoughts 

ETIQUETA
etiquette

Se a etiqueta é, por definição, os costumes e normas de comer à mesa, faz também parte de um tipo de etiqueta, escrever ou rascunhar a conta da refeição servida na beira da toalha de papel, ou arrotar no final da refeição. Sorver ou não sorver, deixar ou não comida no prato. Dependendo do hemisfério, do país ou mesmo da casa onde estamos, diferentes hábitos e regras são estabelecidas à volta da refeição.
banco
toalha
2023


PANIFICAÇÃO
panification

Homeostasia é a cooperação entre muitos, direcionada à boa funcionalidade de um todo, uma comunidade. A fermentação é um processo de homeostasia que resulta na expansão da cultura bacterial da massa. A massa incha, expande-se radialmente. O homem passa pelo mesmo processo na expansão da sua cultura, as cidades incham, expandem-se radialmente. Na expressão "por pão na mesa" o pão retrata todos os alimentos. Pão é símbolo de comida e de partilha.
pão

2023


MERCADO
farmers-market

Se a etiqueta é, por definição, os costumes e normas de comer à mesa, faz também parte de um tipo de etiqueta, escrever ou rascunhar a conta da refeição servida na beira da toalha de papel, ou arrotar no final da refeição. Sorver ou não sorver, deixar ou não comida no prato. Dependendo do hemisfério, do país ou mesmo da casa onde estamos, diferentes hábitos e regras são estabelecidas à volta da refeição.
praça-da-fruta

2023





R. Casal dos Barreiros  10
2500-290 Caldas da Rainha
Leiria, Portugal




 Information
 Email
 Instagram